sexta-feira, 16 de setembro de 2011

CIDADE AZUL: 17 anos depois do acidente, 4 famílias ainda esperam por indenização

IMÓVEL DA EMPRESA FOI A LEILÃO NO DIA 22 DE JUNHO. ACIDENTE OCORRIDO EM MAIO DE 1994 NA RODOVIA RIO CLARO-PIRACICABA VITIMOU 19 PESSOAS

Por Marcelo Lapola

Passados 17 anos a maior tragédia automobilística da história de Rio Claro ainda ecoa no município. A fatídica e trágica noite de 20 de maio de 1994 está perto de ter seu último capítulo encerrado. Isso porque houve, no dia 22 de junho, o leilão judicial de um imóvel onde antes funcionava a Viação Cidade Azul, localizado na Avenida Presidente Kennedy. A proposta vencedora para arremate da área foi apresentada por um empresário local, no valor de aproximadamente R$ 5 milhões.

No acidente entre o ônibus da extinta Cidade Azul e o caminhão-tanque da empresa de Transportes Ceam Ltda 19 pessoas morreram. Das 17 famílias que perderam seus entes queridos, 13 foram indenizadas pela Cidade Azul por terem aceito as condições de um acordo judicial firmado tempos depois. Outras quatro, que não aceitaram o acordo, deverão receber a indenização após a homologação do leilão do imóvel por parte da Justiça.

As informações são do advogado das famílias, Carlos Roberto Marrichi. Segundo ele, os recursos que deverão ser destinados a essas pessoas somam cerca de R$ 2,5 milhões, incluindo os honorários advocatícios.

Mas, segundo Marrichi, o imóvel em questão também é objeto de garantia judicial em outros processos contra a empresa. "Acredito que boa parte das pendências deverão ser pagas pois a oferta feita no arremate do imóvel é boa", salientou Marrichi.

Segundo Marrichi, falta ainda a Justiça homologar o arremate e aguardar o prazo para apresentação de recurso, por parte da Viação Cidade Azul.

Outro advogado, o que representa o empresário que apresentou a intenção de compra do imóvel da Cidade Azul durante o leilão, salienta que a proposta apresentada, cerca de R$ 5 milhões, deve cobrir cerca de 90% das penhoras relativas ao prédio, incluindo as indenizações às 4 famílias das vítimas do acidente na SP-127.

Ainda cabe recurso judicial por parte da Viação Cidade Azul, conforme informações dos advogados.

Procurado pela reportagem do JC na tarde dessa sexta (05), o advogado que representa a Viação Cidade Azul no caso, Arlindo Chinelatto Filho não deu retorno até o fechamento da edição e deverá se pronunciar nos próximos dias a respeito do assunto.

Na estrada, que era de pista única, foi formada uma poça de piche. No Jornal Cidade de Rio Claro, de 22 de maio de 1994, é possível ter noção do horror vivido: “O ônibus transformou-se numa montanha de ferros amassados. Com o forte impacto, vários corpos foram arremessados para fora do ônibus. Os estudantes foram mutilados. A rodovia ficou tomada por piche e sangue. A Polícia Rodoviária teve muito trabalho para controlar a situação. Centenas de pessoas chegavam em busca de informações sobre familiares que estudavam na Unimep. Dor e alívio marcavam os rostos daqueles que perdiam parentes e amigos”. Em seu livro "A Morte como Sustento" a jornalista Gisele Marques retrata o drama vivido pelas famílias que perderam seus entes queridos naquela noite e os relatos de sobreviventes. (http://amortecomosustento.blogspot.com).

“A colisão, que causou tanto estrago, aconteceu porque o motorista do ônibus fez uma ultrapassagem imprudente. A culpa de Coroné consta no Boletim de Ocorrência e na sentença da justiça, mas alguns depoimentos de estudantes, publicados nos jornais da época, confirmam que a história foi diferente”, diz Gisele em seu livro.

“Na mesma edição do Jornal Cidade do dia 22 de maio de 1994, os estudantes confirmaram que Coroné era um profissional prudente e responsável. Por este motivo, antes do desastre, alguns alunos pediram transferência de ônibus para poder viajar todos os dias com ele no volante. Ironicamente, no dia 20 de maio, o recém-contratado da empresa, Daniel Bento de Jesus, guiava o ônibus: “Como tinha sido contratado recentemente, Bento de Jesus cumpria o ritual de acompanhamento por um motorista mais experiente. No caso, o Coroné”. Apesar do erro ter sido cometido pelo novato motorista, foi Coroné quem levou a culpa”, completa a escritora e jornalista rio-clarense.

(Fonte: http://jornalcidade.uol.com.br/rioclaro/seguranca/seguranca/79890--CIDADE-AZUL:-17-anos-depois-do-acidente---4-familias-ainda-esperam-por-indenizacao--)



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